O recente episódio ocorrido em Porto Alegre (RS), onde o motoboy negro Éverton Guandeli foi detido pela polícia após ser vítima de uma agressão com faca por parte de um idoso branco, identificado como Sergio Camargo, observamos uma aplicação prática e preocupante dos princípios discutidos na teoria do etiquetamento na criminologia.
Este caso, amplamente divulgado pela mídia, destaca as disparidades no tratamento de indivíduos baseados em raça e status, ilustrando como rótulos sociais e preconceitos podem influenciar as ações das autoridades e a percepção pública.
Teoria do Etiquetamento
A teoria do etiquetamento sugere que a criminalidade é um rótulo aplicado a atos e indivíduos através de processos sociais, frequentemente influenciados por estruturas de poder e preconceitos. No caso de Éverton, apesar de ser a vítima de uma agressão, a intervenção policial resultou em sua detenção, enquanto o agressor, um idoso branco, foi tratado de maneira significativamente mais branda, chegando a ser visto sorrindo ao lado de uma policial. Este tratamento diferenciado não apenas perpetua o estigma associado a indivíduos negros, mas também reforça a narrativa prejudicial de que pessoas negras são mais propensas a serem vistas como criminosas, independentemente das circunstâncias.
A teoria do etiquetamento também aborda a noção de desvio secundário, onde o rótulo de ‘criminoso’ pode levar a mais comportamento desviante devido à internalização do rótulo e às consequências sociais que ele acarreta. No entanto, neste caso, o impacto imediato é a injustiça evidente no tratamento desigual de Éverton em comparação ao seu agressor, que aparentemente foi motivado por preconceitos raciais.
Este incidente não apenas sublinha a importância de considerar a influência dos rótulos sociais e do preconceito nas ações da justiça criminal, mas também destaca a necessidade urgente de abordagens mais equitativas e justas que reconheçam e combatam o racismo institucional. Como defensores da justiça e da igualdade, é essencial que continuemos a questionar e a desafiar as normas e práticas que permitem que tais injustiças persistam.
No Vieira Rios Advocacia, acreditamos que é crucial refletir sobre essas questões e trabalhar incansavelmente para promover um sistema de justiça que respeite e proteja igualmente todos os cidadãos, independentemente de raça, cor ou status. É imperativo que casos como o de Éverton Guandeli não sejam vistos como incidentes isolados, mas como parte de um problema sistêmico que exige atenção e ação contínua.